O momento delicado da China (25 de Agosto de 2023)
A economia chinesa em 2023, num primeiro momento, observou forte crescimento, de 4,5% anualizado no 1T23, embalado pelas surpreendentes vendas no varejo que depois de 2 anos apresentou alta superior a 10% em março, e um PMI de Serviços se destacando com a volta da mobilidade da população. Esse desempenho na verdade refletiu a retirada das fortes medidas restritivas visando Covid Zero, que muito penalizaram trimestres anteriores. Por outro lado, como base de desenvolvimento, a China tinha no setor imobiliário, 29% do PIB, uma forma de sustentar os fortes crescimentos econômicos, até então inabalados.
A evidência dos problemas no setor imobiliário ganhou notoriedade a partir de 2021 quando uma das maiores incorporadoras chinesas, a Evergrande, deu seus primeiros sinais de problemas de liquidez, fato à época nem tanto alarmado pelo governo chinês, que de início visou soluções internas no setor, como por exemplo “usar o próprio bolso ou patrimônio” dos donos das incorporadoras como alternativa.
Ao mesmo tempo, os hábitos “frugais” da população ao longo da pandemia se firmaram e comprometeram a recuperação. A evolução do PIB no 2T23 de 6,3% anualizada, muito em função da baixa base comparativa de 2022 por conta dos muitos lockdowns, mostrou evolução sobre o 1T23 de apenas 0,8%, este evoluindo 2,2% sobre o 4T22, muito em função das baixas vendas no varejo e investimentos privados.
Ao longo da pandemia o que se assistiu foi um governo se mobilizando em ajudar as empresas e sua produção com estímulos frequentes, ao mesmo tempo em que suas Províncias se endividavam e sua população era desassistida.[…]
Ricardo Martins / Economista
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