Perspectivas e Estratégias 2020 – Análise de Investimentos

Panorama do mercado de ações

Mesmo com muitos eventos extraordinários durante 2019, o mercado de ações teve um bom desempenho, com o Ibovespa marcando uma valorização de 31,6%, aos 115.645 pontos. No começo do ano, a posse do novo governo deu uma motivação especial ao mercado a partir do otimismo gerado pelo discurso do Presidente Jair Bolsonaro e mensagens passadas por seus ministros. Naquele momento criou-se uma grande expectativa em relação a uma mudança profunda nos caminhos do país e após uma relativa euforia dos investidores com o novo governo, entraram no radar as primeiras propostas e decisões do novo comando do país, mas ao mesmo tempo sabia-se que os primeiros três meses do ano seriam um teste de capacidade de negociação e habilidade política do governo.
No centro da pauta, a Reforma da Previdência foi vista como o primeiro teste para o governo junto à Câmara dos Deputados e Senado Federal e paralelamente o mercado financeiro teve que conviver com a guerra comercial entre Estados Unidos que se arrastou desde 2017 frequentemente provocando volatilidade no mercado de ações a cada declaração do governo americano. Os mercados de bolsa conviveram ainda com as ameaças de uma desaceleração na economia global, com a piora nos indicadores econômicos de importantes países, com destaque para a Alemanha, principal economia da zona do euro.
Do lado doméstico, mesmo com muitos percalços no campo da política, principalmente por declarações do presidente Jair Bolsonaro, os indicadores macroeconômicos mostraram que as medidas adotadas para a economia estavam no caminho certo, com inflação controlada e juros (taxa Selic) com queda importante durante o ano. A taxa Selic passou de 6,50% no final de 2018 para 4,50% na última reunião do Copom em 10 de dezembro. O ciclo de queda dos juros foi fundamental para a redução do custo financeiro das empresas, a partir de reestruturação de endividamento, com alongamento do perfil a custo mais baixo. Este benefício deverá seguir favorecendo os resultados das companhias em 2020.
É importante ressaltar que a dependência que existia do nosso mercado em relação à presença de investidores estrangeiros perdeu relevância no ano passado. Foram dez meses de fluxo negativo de estrangeiros na B3 acumulando saldo negativo de R$ 43,00 bilhões no final do ano. Se por um lado a presença dos estrangeiros foi reduzida no mercado secundário, as ofertas iniciais de ações contaram com participação relevante destes investidores. Outro destaque no mercado de ações em 2019 foi o aumento expressivo de investidores ‘’pessoa física’’, passando de 800 mil no final de 2018 para 1,5 milhão em outubro/19, puxando o volume médio diário negociado na B3 de R$ 10,9 bilhões em 2018 para R$ 15,2 bilhões em 2019. A perda da atratividade da renda fixa com juros baixos e um relativo amadurecimento do mercado, somado à maior visibilidade e divulgação de informações do mercado de bolsa nas redes sociais, ajudaram para uma migração de novos investidores para a renda variável. Outro destaque no ano passado foi o expressivo crescimento dos fundos Imobiliários.

Perspectivas para 2020
A B3 inicia o ano de 2020 com uma dose de otimismo não vista há anos, num ambiente cercado pela expectativa de retomada firme do crescimento da economia brasileira, aprovação das reformas estruturais (administrativa e tributária) necessárias para o país, adoção de um programa agressivo de privatização em diversos setores da economia, somado a investimentos em infraestrutura e a busca da redução do custo Brasil. O país tem muitas travas que seguraram o seu crescimento nos últimos anos impedindo um maior fluxo de capital produtivo e que podem começar a ser desmontadas neste ano.

Existe uma expectativa positiva em relação ao conjunto de propostas integrantes das reformas administrativa e tributária, que se avançarem, poderá desencadear um ciclo de desenvolvimento sustentado para o Brasil, o que seria altamente positivo para o mercado de bolsa. Além destas medidas estruturais, o governo brasileiro enfrenta o grande desafio da elevada taxa de desemprego, que embora declinante, ainda levará tempo para recuar para um nível considerado aceitável.

Fatores que poderão potencializar a rentabilidade do mercado de ações em 2020:

✓ Continuidade da retomada da economia brasileira, com crescimento do Produto Interno Bruto (PIB), sustentação de juros baixos e inflação controlada. E em consequência, início de uma retomada firme do mercado de trabalho.
✓ Avanço das propostas de reforma administrativa e tributária e também a confirmação de uma melhora nas contas do governo no âmbito fiscal.
✓ Retomada do programa de privatizações reduzindo o peso do estado e abrindo novas fronteiras de investimento, sobretudo no setor de infraestrutura.
✓ Uma melhora na economia brasileira deverá permitir a redução da capacidade ociosa ainda existente em diversos setores da economia, sem a exigência de grandes investimentos, no médio prazo. Com isso, as empresas podem se beneficiar de uma melhor gestão de capital de giro.
✓ A curva descendente dos juros em 2019 permitiu uma renegociação de dívidas com redução do custo financeiro, o que deverá refletir nos resultados de 2020. Além disso, a transformação digital passou a ser alvo fixo em todos os setores da economia, o que se traduz em maior eficiência operacional e menor peso de custos e despesas operacionais.
✓ Do lado externo, a força a economia americana ameniza eventuais pressões e volatilidade nos mercados, no entanto, a corrida presidencial nos Estados Unidos e as ameaças de impeachment do presidente Donald Trump podem ainda trazer pressão sobre os mercados.
✓ A expectativa de assinatura da 1ª fase do acordo comercial com a China, marcado para o dia 15 próximo já deu novo ânimo aos mercados.

Com este cenário positivo e com a expectativa de um programa agressivo de privatizações acreditamos no retorno do capital estrangeiro não especulativo ao país. O risco Brasil encerrou 2019 num patamar bastante favorável que, se mantido, poderá abrir espaço para uma avaliação positiva pelas agências de rating. Projetamos uma valorização de 19% para o Ibovespa neste ano, assumindo um patamar de 137.750 pontos para o final de dezembro.

 

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