Decisões para juros derrubam bolsas e Ibovespa fecha com perda de 2,81%

Decisões para juros derrubam bolsas e Ibovespa fecha com perda de 2,81%

MERCADO


Bolsa

O Ibovespa seguiu o mau humor das bolsas internacionais, todas impactadas pelo mesmo sentimento de aprofundamento da crise global, forçando as grandes economias a uma revisão das expectativas e na linha de juros mais altos. Com a aversão geral ao risco, no final do dia o Ibovespa cedeu 2,81% aos 105.304 pontos, com giro financeiro de R$ 36,2 bilhões (R$ 26,9 bilhões à vista). As bolsas de Nova York sofreram forte desvalorização após o mercado digerir a alta dos juros e o cenário macroeconômico para os próximos trimestres. O Dow Jones caiu 3,12%, o S&P 500 recuou 3,57% e o Nasdaq teve um dia ainda mais pesado (-4,99%). Hoje mais cedo as bolsas europeias e os futuros americanos operavam em queda. A taxa treasury de 10 anos tinha um comportamento estável e as moedas emergentes eram negociadas com viés negativo. Na agenda econômica hoje no Brasil teremos a divulgação do IGP-DI de abril com expectativa de 0,68% desacelerando frente 2,37% de março. Nos EUA a divulgação do payroll de abril, onde a pressão salarial será um elemento observado com atenção. A expectativa é que a taxa de desemprego caia de 3,6% em março para 3,5%. Destaque também para a Variação folha de pagamento não agrícola de abril. No mercado de commodities o petróleo operava mais cedo hoje em alta. O WTI (Nymex) subindo 1,82% a US$ 110,23 o barril e o Brent (ICE) cotado a US$ 112,90 o barril (+1,80%). Ontem o minério de ferro fechou em alta de 1,40% a US$ 144,90 a tonelada.

Câmbio

A moeda americana encerrou ontem cotada a R$ 5,0263 com alta de 2,16% (+1,09% no mês) e queda de 9,78% no ano. O mercado repercutiu a decisão e as sinalizações do Fed reagindo também à forte alta do rendimento dos Treasuries.

Juros

A aversão ao risco ontem impulsionou as taxas de juros futuros, após a alta dos juros na noite anterior, com o mercado influenciado também pelo ambiente externo. O DI para jan/23 subiu de 13,048% a 13,235% e o jan/27 foi de 11,905% a 12,19%. No fim da tarde em Nova York, os juros tinham o seguinte comportamento: T-note de 2 anos (a 2,695%), T-note (10 anos) a 3,047% e T-bond (30 anos) a 3,133%.


ANÁLISE DE SETORES E EMPRESAS

Petrobras (PETR4)

Lucro líquido de R$ 43,3 bilhões no 1T22

A Petrobras registrou no 1T22 um lucro líquido recorrente de R$ 43,3 bilhões, acima dos R$ 23,8 bilhões do 4T21 e de R$ 1,4 bilhão em igual trimestre do ano anterior – sensibilizado por maior volume de vendas, melhores preços por aumento do Brent, incremento de margens no diesel, maiores exportações de petróleo, redução do custo com importação de GNL, estabilidade do endividamento e ganho cambial dado a valorização do Real frente ao Dólar.

O Conselho de Administração da Petrobras aprovou a proposta de distribuição de dividendos no valor de R$ 3,715490 por ação. Serão consideradas as posições de ações em 23 de maio sendo os papéis negociados ex-direito a partir de 24 de maio de 2022. O pagamento será realizado em 2 parcelas iguais de R$ 1,857745 por ação em 20/junho e 20/julho. O retorno estimado para PETR4 é de 11,6%.

Esperamos uma reação positiva com base no resultado e forte distribuição de dividendos. Seguimos com recomendação de COMPRA para PETR4 com Preço Justo de R$ 40,00/ação (potencial de alta de 25,0%). A ação cotada a R$ 32,01 (valor de mercado de R$ 417,6 bilhões) registra alta de 23,0% este ano.

Destaques

A produção média de óleo, LGN e gás natural no 1T22 foi de 2.796 Mboed (+1,1% em 12 meses e +3,4% em base trimestral). A produção comercial no 1T22 foi de 2.462 Mboed, com alta de 2,4% em relação ao 4T21.

As vendas de derivados no 1T22 na comparação com o 1T21 foram 2% maiores e o aumento do fator de utilização das refinarias de 87% no 1T21 para 91% no 1T22.

A receita de vendas somou R$ 141,6 bilhões no 1T22 (+5,6% vs 4T21) refletindo o aumento de 27% do petróleo (Brent), o maior volume de vendas de petróleo no mercado interno, e ao maior volume de exportação de petróleo. Estes efeitos foram parcialmente compensados pelo menor volume vendas de derivados no mercado interno por fatores sazonais.

O EBITDA ajustado do 1T22 alcançou R$ 77,7 bilhões, 24% superior a R$ 62,9 bilhões do 4T21, sensibilizado principalmente pela valorização dos preços do Brent, compensado por menores volumes de vendas de derivados.

O resultado financeiro do 1T22 foi positivo em R$ 3,0 bilhões, acima do resultado negativo em R$ 13,8 bilhões no 4T21, principalmente por apreciação de 15% do real frente ao dólar.

Destaque para a redução da exposição cambial de US$ 17,6 bilhões no 4T21 para US$ 17,0 bilhões ao final do 1T22.

Ao final do 1T22 a dívida líquida da companhia era de US$ 40,1 bilhões, equivalente a uma alavancagem de 0,8x o EBITDA, que se compara a dívida líquida de US$ 47,6 bilhões no 4T21 (1,1x o EBITDA).


Bradesco (BBDC4)

Bom 1T22 impactado por aumento da margem financeira e do custo do crédito

O Bradesco registrou no 1T22 um lucro líquido recorrente de R$ 6,8 bilhões (ROAE de 18,0%) com alta de 4,7% em relação aos R$ 6,5 bilhões do 1T21 (ROAE de 18,7%). Nesta base de comparação, do lado positivo, destaque para o crescimento de 9,5% da margem financeira, com destaque para a margem com clientes (+19,6% em 12m e que compensou a queda da margem com o mercado), aliado ao desempenho das receitas de serviços (+6,7%) e do resultado de seguros (+4,7%). Ressalte-se que as despesas operacionais registraram alta de 4,4% em base anual e, portanto, abaixo da inflação no período.

Dentre os ofensores do resultado, o aumento do custo do crédito cuja PDD expandida cresceu 23,8% em 12 meses e o consequente incremento da inadimplência (+90d) que subiu de 2,8% no 4T21 para 3,2% no 1T22 (movimento já esperado dado a forte alta das operações de crédito).

As operações de crédito em base expandida cresceram 18,3% frente igual trimestre do ano anterior, com destaque para o crescimento de 22,6% das operações de pessoas físicas, em especial, cartão de crédito, crédito pessoal/consignado, financiamento imobiliário e CDC/leasing de veículos. O segmento de PJ registrou crescimento de 15,7%. Mesmo com o aumento de PDD a qualidade da carteira permanece em níveis rentáveis e com bons índices de cobertura.

Guidance 2022. O banco manteve o guidance de crescimento da carteira de crédito expandida (entre 10% e 14%) após crescimento de 18,3% no 1T22; e do resultado do segmento de seguros (entre 18% e 23%) mesmo com o incremento de 4,7% no trimestre.

A margem com clientes cresceu 19,6% no 1T22 e o banco elevou o intervalo projetado para 18% a 22%. As receitas de serviços registraram alta de 6,7% no 1T22 sendo esperado um maior crescimento, entre 4% e 8%.

As despesas operacionais cresceram 4,4% no 1T22 e devem cair para o intervalo entre 1% e 5%. A PDD expandida somou R$ 4,8 bilhões no trimestre e para 2022 o intervalo previsto sobe para, de R$ 17,0 bilhões a R$ 21,0 bilhões.


ENGIE Brasil Energia (EGIE3)

Lucro Líquido de R$ 645 milhões no 1T22 (+22% s/1T21)

A ENGIE Brasil Energia registrou no 1T22 um lucro líquido de R$ 645 milhões, 21,9% superior ao lucro de igual trimestre do ano anterior, impactado pelo leve incremento de energia vendida (+1%) e alta de 9,9% no preço médio de venda.

Os custos operacionais registraram queda de 16,8% notadamente no segmento de transmissão. Nesse contexto a geração de caixa medida pelo EBITDA ajustado cresceu 9% em base de 12 meses, com incremento de 7,8pp na margem.

Em grandes números a receita operacional líquida alcançou R$ 3,1 bilhões, com queda de 5,8% frente o 1T21. O EBITDA registrado no 1T22 somou R$ 1,9 bilhão, com aumento de 8,8% em 12 meses. A margem EBITDA foi de 61,8% no 1T22, acréscimo de 8,3pp em relação 1T21.

Ao final de março de 2022 a dívida líquida da companhia era de R$ 16,0 bilhões (2,2x o EBITDA), acima de R$ 14,6 bilhões no 4T21 (2,0x o EBITDA), com um caixa de R$ 4,6 bilhões.


Sanepar (SAPR11)

Lucro Líquido de R$ 292 milhões (+18% s/1T21) com destaque para o resultado operacional

A Sanepar registrou no 1T22 um lucro líquido de R$ 292 milhões, com crescimento de 18,4% em relação ao lucro de R$ 247 milhões do 1T21, explicado pelo ambiente de negócios, com destaque para o resultado operacional (+14% no EBITDA). Os custos ainda pressionam as margens e a inadimplência também.

As ligações de água cresceram 2,2% entre os trimestres sendo de +2,9% nas ligações de esgoto. Nesta base de comparação, entre o 1T22 e o 1T21, o volume de água faturado cresceu 5,1% com o volume faturado de esgoto com alta de 5,9%.

No fechamento do 1T22 o volume de reservação do Sistema de Abastecimento Integrado de Curitiba (SAIC) estava em 86,8%, nível superior ao registrado no mesmo período do ano anterior (60,8%). No Município de Foz do Iguaçu, a Sanepar utiliza a água da Barragem da Hidrelétrica Itaipu Binacional, do lago de Itaipu, no Rio Paraná.

A receita líquida cresceu 14,7% no 1T22 para R$ 1,4 bilhão, reflexo do reajuste tarifário de 5,11% a partir de 05.02.2021; da revisão tarifária de 5,77% a partir de 17.05.2021; do aumento do número de ligações e da elevação dos volumes faturados de água e esgoto,

Os custos e despesas operacionais cresceram 14,8% entre os trimestres comparáveis para R$ 917 milhões, com destaque para a alta de 9,6% das despesas de pessoal, o aumento de 41,4% dos custos com energia elétrica, a alta de 20,2% dos materiais, crescimento de 11,1% dos serviços de terceiros e o incremento de 191% das provisões para contingências.

O EBITDA no 1T22 somou R$ 596 milhões (margem de 42,3%), 14% acima do EBITDA de R$ 523 milhões do 1T21 (margem de 42,6%), desempenho explicado principalmente pelo crescimento da receita líquida. A geração de caixa operacional no 1T22 foi de R$ 486 milhões, aumento de 41% em relação ao 1T21.

Ao final de março de 2022 a dívida líquida era de R$ 3,1 bilhões (1,3x o EBITDA) e se compara a R$ 2,8 bilhões em março de 2021 (1,4x o EBITDA). O endividamento e a alavancagem da companhia continuam baixos, abrindo espaço para distribuição de proventos acima de 30% no futuro.


Arezzo&Co (ARZZ3)

Lucro líquido de R$ 58 milhões no 1T22 (+94,4% sobre o 1T21)

Principais destaques (1T22/1T21):

  • A receita liquida somou R$ 839,6 milhões no 1T22 com alta de 67,6% sobre o 1T21, com margem bruta de 53,4%.
  • O EBITDA atingiu R$ 194,0 milhões (+106,6%) com margem de 23,1%.
  • O bom desempenho operacional mostrou alta de 40,3% no número de pares vendidos somando 4,717 milhões no 1T22.  O número de bolsas também cresceu forte (82,6%) acumulando 730 mil no 1T22.
  • O lucro líquido do 1T22 atingiu R$ 58 milhões (+94,4% sobre o 1T21), com impacto positivo da forte performance operacional e negativamente pela variação cambial e pelo aumento das despesas financeiras, principalmente influenciado por maior despesas com taxas de cartões de crédito, que cresceram na mesma proporção do aumento de vendas.

Ontem a ação ARZZ3 encerrou cotada a R$ 85,02 (+11,3% no ano).


Direcional Engenharia (DIRR3)

Lucro líquido ajustado soma R$ 35,6 milhões (+31,5% sobre o 1T21)

Mais um bom desempenho operacional e financeiro da empresa, com os seguintes destaques.

Destaques do 1T22/1T21:

  • Receita liquida cresce 13,1% de R$ 413,9 milhões para R$ 463,1 milhões, com manutenção da margem bruta em 35,7%.
  • Ebitda sobe 24,7% somando R$ 97,0 milhões, com margem de 20,7%.
  • Crescimento de 22,7% no VGV lançado (R$ 557,3 milhões de lançamentos) e vendas de R$ 508 milhões (+15,7%).
  • A dívida líquida fechou em R$ 230,7 milhões e ouve queima de caixa de R$ 34,4 milhões.

Ontem a ação DIRR3 encerrou cotada a R$ 11,30 com queda de 11,1% no ano.


Fleury (FLRY3)

Lucro líquido de R$ 110,4 milhões no 1T22 (-6,9% ante o 1T21)

Destaques do 1T22/1T21:

  • A receita líquida do 1T22 atingiu R$ 1,09 bilhão (+21,9% ante o 1T21).
  • O EBITDA somou R$ 326,6 milhões (+14,4% sobre o 1T21) com margem Ebtida de 30% abaixo dos 31,9% do 1T21.
  • A geração operacional de caixa foi de R$ 62,7 milhões no trimestre, com queda de 68,5% ante igual intervalo de 2021.
  • Destaque negativo para o aumento de custos (+26,2%) e na despesas com pessoal e serviços médicos (+28,5%).
  • Os investimentos somaram R$ 66,5 milhões (29,6% sobre o 1T21).
  • Os custos dos serviços prestados apresentaram nova alta anual de 26,2% no período, a R$ 765,2 milhões, embora tenha reduzido a participação no consumo da receita líquida de 70,2% para 67,9% consequência principalmente da regularização de estrutura de pessoal para manutenção de nível de atendimento das unidades.

Ontem a ação FLRY3 encerrou o dia cotada a R$ 14,17 com queda de 17,8% no ano.


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