Prezado Sr.(a),

A relação do Brasil com a França vem de longa data, mas nem por isso sempre foi “tranquila”. Em quase meio século, vários episódios tiveram contornos bastante tensos, sendo o último incidente diplomático – conhecido como Guerra das Lagostas – o de maior incômodo (1963).

Neste mês o presidente francês Emmanuel Macron voltou a “espetar” o Brasil, e de forma muito infeliz. Por conta das queimadas na Amazônia, cujas estatísticas ainda não estão “pacificadas” e devidamente ajustadas ao que realmente importa, Macron sugeriu com sua frase “nossa casa está queimando…” levar o assunto ao G7. Sem nenhum rodeio, uma flagrante intromissão em nossa soberania – trata-se da velha ideia de se definir um status internacional para a Amazônia. O efeito não poderia ser mais imediato: o presidente Bolsonaro, em seu melhor estilo pouco diplomático, respondeu a altura.

O episódio tende a se dissipar logo, mas Bolsonaro insiste em retratação do presidente francês. Obviamente o assunto é um prato cheio para a imprensa internacional, e pode ter sim algum impacto econômico para o Brasil. Entretanto, dado o momento econômico mundial, é pouco provável que esta pauta ganhe relevância frente aos demais problemas mundo afora. De toda sorte, descontadas as réplicas e tréplicas, diante do “fato gerador” da celeuma, Bolsonaro está corretíssimo em sua postura de exigir retratação.

A longa história entre os países não permite acirramento maior, nem mesmo nossas empresas e enorme corrente de comércio se renderia a tamanha desfaçatez de uma frase (possivelmente com fins políticos) mal colocada. Será apenas uma questão de tempo para que os verdadeiros diplomatas saibam ajustar as coisas, e colocá-las em seu devido lugar.

Em verdade, esta “crise” ganhou espaço por várias razões, dentre elas a “febre” ambientalista (sem nenhum menosprezo) que acomete o mundo, a situação política interna de Macron para com setores poderiam tirar algum proveito de eventual consequência dessa “crise” e, não menos importante, o “novo normal” que se alastra no mundo, no qual o atual governo brasileiro está inserido. Assim, embora a frase seja atribuída ao Gen. De Gaulle, parece improvável que ele a tenha de fato mencionado, pois embora uma pessoa difícil (formação e temperamento fortes), era muito educado. É certo que Macron, também educado e inteligente, se retratará, sob pena de inverter o sujeito da frase em epígrafe.

 

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