Ibovespa cai 1,0% com a tensão política dominando o ambiente em Brasília

MERCADO


Bolsa
O Ibovespa encerrou a terça-feira com queda de 1,00% a 119.387 pontos, com giro financeiro de R$ 30,4 bilhões (R$ 27,3 bilhões à vista), com a tensão política dominando o ambiente em Brasília, com a instalação da CPI da Covid-19 amparada por uma jogo político intenso de bastidores. Com este ambiente ruim e o ministério da economia fragilizado, não se deve esperar que as propostas de reformas caminhem com tranquilidade juntamente com o processo da CPI, no curto prazo, o que não é nada interessante para o mercado de bolsa. Ontem, investidores mostraram aversão ao risco e houve realização em papéis que acumularam ganhos nas últimas semanas. Hoje, do lado doméstico, a agenda econômica traz em destaque os dados do Caged, com a criação de empregos formais no país e o total a dívida federal em março. Tem ainda o índice de confiança do consumidor de abril, medido pela FGV. Nos EUA, atenção para reunião de política monetária do Federal Reserve com decisão sobre os juros americanos e discurso de Joe Biden no Congresso. As bolsas internacionais, mostram alta no fechamento da Ásia e operam ligeiramente positivas na Europa, e os futuros de NY andam perto da estabilidade nesta manhã. Atenção hoje para o discurso de Joe Biden, com novas propostas para a economia americana.

Câmbio
A moeda americana teve dia de alta, passando de R$ 5,4358 para R$ 5,4514 (+ 0,24%).  A agenda mais carregada nesta reta final de abril, aumenta a cautela dos investidores e o real segue pressionado, mas o fluxo estrangeiro tem ajudado a segurar as cotações.

Juros

A piora no cenário político doméstico influenciou o mercado de juros, mas no final a taxa do contrato de Depósito Interfinanceiro (DI) para janeiro de 2022 passou de 4,641% para 4,63%, pesando somente sobre o DI para jan/27 que terminou com taxa de 8,39%, de 8,324% na segunda-feira.


ANÁLISE DE SETORES E EMPRESAS

Santander Brasil (SANB11)
Resultado do 1T21 acima do esperado, com crescimento da margem financeira e redução das despesas gerais

O Santander (Brasil) registrou no 1T21 um lucro líquido gerencial de R$ 4,0 bilhões (ROAE 20,9%), acima do esperado, em linha com o lucro líquido gerencial do 4T20, explicado principalmente pelo crescimento da margem financeira, parcialmente compensada pela queda das receitas de serviços (em base trimestral). A redução das despesas gerais aliado a manutenção dos indicadores de inadimplência sinalizam a continuidade de bons resultados. O banco segue focado na redução dos gastos, na adequada gestão dos riscos, na melhora de eficiência e de produtividade. Seguimos com recomendação de COMPRA para SANB11 e Preço Justo de R$ 50,00/Unit.

O Conselho de Administração do Santander (Brasil) aprovou a distribuição de R$ 3,0 bilhões em dividendos, equivalentes a R$ 0,8042597373412/Unit. Serão R$ 2,8 bilhões em Dividendos Intercalares e R$ 200 milhões em Dividendos Intermediários. Farão jus aos Dividendos, os acionistas na data de 7 de maio de 2021 (inclusive). Dessa forma, a partir de 10 de maio de 2021 (inclusive), as ações serão negociadas “ExDividendos”. Os Dividendos serão pagos a partir do dia 2 de junho de 2021. Com base na cotação de R$ 37,57/Unit o retorno é de 2,14%.


Cielo (CIEL3)
Lucro líquido de R$ 241,3 milhões no 1T21

A Cielo registrou no 1T21 um lucro líquido consolidado de R$ 241,3 milhões e crescimento de 44,7% sobre o mesmo trimestre do ano anterior, explicado principalmente pelo resultado da Cielo Brasil que refletiu a redução das despesas operacionais; o maior foco em segmentos mais rentáveis e o aumento da penetração de produtos de prazo no varejo; somado ao impacto positivo não recorrente da cessão da plataforma Elo e outros eventos.

O crescimento de 81,7% do resultado da Cielo Brasil foi parcialmente compensado pela queda de 32,1% no resultado da controlada Cateno, impactado por um mix de transação menos favorável (maior participação de transações com cartões de débito) e aumento das despesas operacionais.

Além disso, importante destacar alguns efeitos não recorrentes com impacto positivo no lucro líquido de R$ 105,5 milhões. Dentre eles: ganho de capital com a venda da Orizon, a cessão e atualização monetária da Plataforma Elo, reversão de provisões no Projeto New Elo, eventos parcialmente compensados por aumento de provisões para reestruturação. Segregados esses efeitos, o resultado recorrente consolidado foi de R$135,8 milhões.

Com base no resultado o 1T21 o Conselho de Administração da Cielo aprovou a distribuição de Juros sobre Capital Próprio (JCP) no montante de R$ 85,15 milhões (R$ 0,03152578584/ação). Os JCP serão pagos no dia 13 de maio de 2021, com base na posição acionária de 30 de abril de 2021, sendo as ações negociadas ex juros a partir de 03 de maio de 2021. O retorno líquido é de 0,73%.

Ao preço de R$ 3,65/ação (valor de mercado de R$ 9,9 bilhões) a ação CIEL3 registra queda de 8,6% este ano. O Preço Justo (mercado) de R$ 4,50/ação aponta para um potencial de alta de 23,3%.


Cesp (CESP6)
Lucro líquido de R$ 116 milhões no 1T21 por reversão de contingências

A Cesp registrou no 1T21 um lucro líquido de R$ 116 milhões, com expressivo crescimento de 115% em relação ao 1T20 explicado principalmente pelo impacto positivo da reversão das contingências passivas prováveis neste 1º trimestre do ano.

Crescimento de 21% na receita líquida para R$ 557 milhões no 1T21, principalmente pelo incremento das operações de trading realizadas pela Cesp Comercializadora.

O EBITDA cresceu 44% para R$ 445 milhões. Já o EBITDA ajustado (que exclui provisão para litígios e baixa de depósitos) alcançou R$ 282 milhões no 1T21, com redução de 16% em relação ao mesmo período de 2020 em virtude do maior gasto com compra de energia, dado o cenário hidrológico adverso.

Destaque para a redução de R$ 229 milhões nas contingências passivas prováveis em relação a dezembro de 2020 em decorrência de acordos judiciais e revisão de estimativas conforme evolução processual dos casos.


Movida (MOVI3)
Lucro Líquido de R$ 110 milhões quase dobra na comparação anual

Movida reportou bons resultados ontem, de maneira geral, todas as margens consolidadas apresentaram expansão na comparação anual. O ROE foi recorde em  12,3%. Em seguida os destaques:

RAC

A receita líquida foi recorde em RAC de R$365 milhões. Mesmo com uma frota total menor que no 1T20, foi mantido a frota operacional estável, mostrando eficiência, o que permitiu o alcance do recorde de 5 milhões de diárias em RAC.

Os custos de RAC tiveram uma queda de R$ 37 milhões, 21,9%, no 1T21 em relação ao 1T20 e de 13,3% em relação ao trimestre anterior, em função da nossa forte disciplina de custos e da redução da depreciação.

O Lucro Bruto apresentou alta de 49% A/A com margem bruta superior em 15,8 p.p., em função da redução da depreciação e do controle de custos e otimização da operação, com EBITDA recorde de R$ 169 milhões e margem 4,8 p.p. acima que o ano anterior e 1 p.p. acima que o 4T20.

GTF

A  receita líquida de GTF teve expansão de 31%  no 1T21/1T20 e reflete a adição de 5 mil carros na frota média operacional. A receita líquida atingiu R$165,3 milhões e a receita média por carro chegou a R$1.231 por mês, 3% superior ao 4T20. Na comparação com o 4T20, o aumento da Receita Líquida também foi expressivo, 17%. Com contribuição contínua e crescente da nossa presença digital, especialmente no segmento de pequenas e médias empresas. O custo foi diluído em  8,8% no 1T21/20 devido à melhor performance da revenda dos carros desta linha de negócios, especialmente no varejo.

A expansão de 11% na frota na comparação com o 4T20, aliada ao recorde de diárias e a redução da depreciação fez com que a margem bruta atingisse 64,2% e expandisse 7,8 p.p. no 1T21 em relação ao trimestre anterior. O trimestre teve recorde em margem bruta, R$ 106,0 milhões, EBITDA recorde de R$ 100 milhões.

Seminovos

A menor receita líquida de seminovos, R$ 274,5 milhões, reflete a estratégia de diminuir a venda de carros para mantê-los mais tempo em operação devido à alta demanda em RAC e crescimento em GTF. Mesmo com um volume de carros vendidos inferior, muito em função da pandemia, o trimestre apresentou o maior valor médio de carro vendido, R$ 52 mil, 3% maior que o trimestre anterior e 29% em relação a um ano atrás.

A despesa financeira líquida do 1T21 foi de R$77 milhões, um aumento de 70% em relação ao mesmo trimestre de 2020 e 108% em relação ao trimestre anterior. Este aumento se deve ao maior patamar de dívida ao aumento do CDI e maiores despesas de direito de uso. O carrego negativo,  juntamente com os fees de de pré-pagamento de dívidas e à baixa dos custos de emissão reconhecidos de forma antecipada uma única vez no resultado, impactaram a despesa total em cerca de R$ 25 milhões.

Esta performance confirma a resiliência das operações mesmo em cenários desafiadores como a pandemia do COVID-19. O Lucro Líquido foi de R$ 110 milhões que praticamente dobrou na comparação anual por conta da base de comparação fraca.

Durante o 1T21 foram gerados R$ 148 milhões a mais de caixa via EBITDA. O menor investimento líquido em renovação de frota, o maior ticket médio na venda de ativos combinado com um aumento da linha de custos de vendas de ativos também afetou positivamente o caixa gerado pelas atividades operacionais, que foi de R$1.346 milhões no 1T21.


Itaúsa S.A. (ITSA4)
Investimento na Aegea Saneamento e Participações S.A.

A Itaúsa assinou contrato para investimento na Aegea Saneamento e Participações S.A. (“Aegea”). Após a conclusão da operação a participação da Itaúsa na Aegea será de 10,20% do capital votante e 8,53% do capital total, conforme previsto em Contrato de Investimento. O restante do capital permanecerá com os atuais acionistas controladores e o Fundo Soberano de Singapura (GIC).

O valor do investimento será de R$ 1,3 bilhão (múltiplo EBITDA de 11,4x base 2020), sujeito aos ajustes de preço previstos no Contrato. Esse montante deverá ser captado pela Itaúsa através de instrumento de dívida de longo prazo.

  • Esse investimento será contabilizado pelo método de equivalência patrimonial e deverá ser concluído no 2T21, não sendo esperados efeitos relevantes no resultado da Itaúsa em 2021.
  • Conforme disposto no Acordo de Acionistas negociado com os atuais acionistas da Aegea, a Itaúsa terá o direito de indicar (1) um membro para o Conselho de Administração, (1) um membro para o Comitê de Auditoria e (1) um membro para o Comitê de Finanças. Adicionalmente, terá outros direitos atribuíveis a acionistas relevantes.

Com esse investimento, a Itaúsa adiciona ao seu portfólio um ativo que combina taxa de retorno atrativa e alto potencial de crescimento. Seguimos com recomendação de COMPRA para ITSA4 e Preço Justo de R$ 13,50/ação, que traz um potencial de alta de 34,3% em relação à cotação de R$ 10,05/ação (valor de mercado de R$ 84,5 bilhões).


Banrisul (BRSR6)
Distribuição de dividendos complementares. Ex em 03/05

Na Assembleia Geral Ordinária (AGO) realizada em 27 de abril de 2021, foi deliberado o pagamento de dividendos complementares do exercício de 2020 no valor total de R$ 23,2 milhões, equivalente a R$ 0,05595208 por ação PNB.

  • Serão beneficiados os acionistas na data de 30/04/2021 (data da declaração), passando as ações a serem negociadas “ex-direito” aos dividendos a partir de 03/05/2021.
  • O pagamento ocorrerá em 28/05/2021. Com base na cotação de R$ 12,29/ação o retorno é de 0,45%. Seguimos com recomendação de COMPRA e Preço Justo de R$ 18,00/ação.

Petrobras (PETR4)
Declínio da produção e das vendas no 1T21

A empresa divulgou ontem, após o pregão, seu Relatório de Produção e Vendas do 1T21, mostrando queda nos volumes produzidos e vendidos, sempre comparando ao mesmo trimestre de 2020.  A redução na produção foi consequência das vendas de ativos realizadas no período e do declínio dos campos maduros.  Em vendas, houve crescimento no mercado interno, mas queda no exterior, também por conta dos desinvestimentos.

  • A redução nas vendas é uma indicação negativa para o resultado da Petrobras no 1T21.  No entanto, acreditamos que os aumentos dos preços devem mais que compensar a diminuição dos volumes vendidos;
  • No 1T21, a produção total mostrou uma queda de 5,0%, com diminuição de 4,8% nos volumes extraídos no Brasil e 16,7% no exterior.  A contração maior no exterior ocorreu devido à venda de ativos.  No Brasil, esta queda também pode ser atribuída os desinvestimentos, sendo o mais importante a venda do campo de Baúna (Bacia de Santos);
  • O volume total vendido pela Petrobras no 1T21 caiu 9,0%, por conta da redução das vendas totais no exterior (30,4%), dado que no mercado interno houve um crescimento de 3,2%.  As vendas no Brasil tiveram como destaque os aumentos de 20,0% e 36,6%, nos volumes negociados de diesel e óleo combustível, respectivamente.

Weg (WEGE3)
Um excelente resultado no 1T21 e a aprovação do desdobramento das ações

Nesta manhã, a empresa divulgou seu resultado do 1T21, mais uma vez muito positivo, com aumentos nas vendas, na receita nas margens e no lucro líquido.  O bom desempenho foi consequência, principalmente, de maiores vendas no mercado interno, por conta da continuação do processo de recuperação da economia.

  • A Weg lucrou R$ 764 milhões (R$ 0,36 por ação) no 1T21, valor 3,0% maior que no trimestre anterior e 73,7% acima do verificado no 1T20;
  • A receita líquida da Weg no 1T21 cresceu 36,7%, sempre comparando ao 1T20.  Este aumento veio principalmente do mercado interno, onde houve um incremento de 38,4% no faturamento.  No mercado externo, a consolidação das aquisições da MVSIA, BirminD e TGM impactaram positivamente a receita.  Sem estas consolidações, o crescimento total da receita baixaria para 36,2%;
  • Em Assembleia Geral realizada ontem, foi aprovada a proposta de desdobramento das ações, sendo que cada WEGE3 detida ontem será representada por duas.  Terão direito a este benefício os acionistas da empresa ao final do último pregão.  A partir de hoje (28/abril), WEGE3 já será negociada “ex-desdobramento”.

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Ibovespa cai 1,0% com a tensão política dominando o ambiente em Brasília

 

 

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