Ibovespa caiu 4,25% em dia de tensão geral nos mercados

MERCADO


Bolsa
Em apenas três pregões, Ibovespa devolveu, praticamente, todo o bom desempenho acumulado em outubro até a última semana.  O Ibovespa marcou queda de 4,25% fechando aos 95.369 pontos com nenhuma ação do índice do lado positivo. A somatória de notícias negativas e a nova realidade imposta pela Covid-19 sobre as grandes economias mundiais (Europa e Estados Unidos) bateram mais forte ontem.  A decisão pela volta do lockdown em várias regiões deixa claro que o problema vai deixar uma carga ainda mais pesada de prejuízos generalizados. Os preços do petróleo no mercado internacionais voltam a despencar, o que pode trazer mais pressão sobre a Petrobras e o dólar, em meio a tudo isso, segue testando novos picos. Hoje as bolsas da Europa mostram recuperação e a Ásia fechou e queda, mas a tensão continua. A agenda econômica vem carregada de indicadores, com destaque para a confiança do consumidor, industrial, em serviços e na economia da zona do euro em outubro. No Brasil a inflação medida pelo IGP-M deve piorar e nos EUA saem em destaque o PIB do 3T20, dados de consumo pessoal, emprego, nível de conforto do consumidor, etc. Além disso, os resultados corporativos concentram a atenção de investidores com destaque para Vale e Petrobras divulgados ontem.

Câmbio
A corrida para a proteção no dólar, levou a moeda para R$ 5,7502 contra R$ 5,7064 na terça-feira. No momento não há espaço para recuo significativo na cotação da moeda americana, considerando o momento conturbado na economia mundial e uma série de fatores políticos e macroeconômicos sem uma direção clara para os investidores.

Juros
A pressão sobre os ativos pesou também sobre os juros futuros com a taxa do contrato de Depósito Interfinanceiro (DI) para jan/22 fechando em 3,51%, de 3,445% na terça-feira e para jan/27 a taxa passou de 7,494% para 7,47%.


ANÁLISE DE SETORES E EMPRESAS

Odontoprev (ODPV3)
Lucro líquido do 3T20 soma R$ 45,3 milhões, crescimento de 60,9% acumulando R$ 278 milhões em 9 meses

A Odontoprev mostrou um forte crescimento no resultado final do 3T20 e no acumulado de 9 meses, a despeito da queda na receita líquida. A empresa registou redução nas despesas administrativas com redução nos gastos com locação, publicidade e propaganda.  As despesas com comercialização também reduziram no período comparativo dom 3T20 e no acumulado de 9 meses. Além disso, a saudável posição financeira da Odontoprev gera ganhos financeiros relevantes.

A ação ODPV3 encerrou ontem cotada a R$ 12,97 com queda de 21,1% no ano.


Grupo GPA (Pão de Açúcar) (PCAR3)
Forte crescimento do lucro do 3T20 somando R$ 427 milhões

O Grupo Pão de Açúcar registrou números expressivos no 3T20 com destaque para a receita bruta que atingiu R$ 23,5 bilhões, refletindo o crescimento tanto das operações no Brasil como das operações internacionais.

▪ GPA Alimentar Brasil: R$ 17,5 bilhões, crescimento relevante de 20,0%;

Assaí: faturamento expressivo de R$ 10,1 bilhões, incremento de R$ 2,5 bilhões vs o ano anterior.

Multivarejo: R$ 7,4 bilhões, crescimento de 10,4% no critério ‘mesmas lojas’ excluindo postos e drogarias. Destaque para o crescimento de 11% da categoria de alimentos e de 11% da categoria de não-alimentos (considerando eletro, produtos para casa e têxtil).  As vendas online de alimentos seguiram com evolução expressiva de 240% vs 3T19 e já representam 6% das vendas do Multivarejo e 12,4% da bandeira Pão de Açúcar.

▪ Grupo Éxito: R$ 6,0 bilhões, avanço proforma de 23,7% nas vendas totais e de 2,3% no critério ‘mesmas lojas’ excluindo postos e em moeda constante.

A dívida líquida ajustada pelo saldo de recebíveis não antecipados alcançou R$ 9,6 bilhões no GPA consolidado vs R$ 2,2 bilhão no 3T19, reflexo principalmente da captação de recursos destinados à aquisição do Grupo Éxito.

A relação dívida líquida/EBITDA ajustado(1) foi de 2,1x ao final do 3T20, em linha vs o 2T20 (2,2x).


Bradesco (BBDC4)
Lucro recorrente de R$ 5,0 bilhões no 3T20 acima do esperado

O Bradesco registrou no 3T20 um lucro líquido recorrente de R$ 5,0 bilhões (ROAE de 15,2%) com crescimento de 30% em relação aos R$ 3,9 bilhões do 2T20 (ROAE de 11,9%), explicado pela melhora do resultado operacional por redução de 37,1% da PDD em base expandida (mesmo com a constituição de R$ 2,6 bilhões de provisões relacionadas ao cenário atual); alta de 6,5% das receitas de serviços; e o crescimento de 1,3% das despesas operacionais, em percentual abaixo da inflação. Estas linhas do resultado compensaram a queda de 8,4% da Margem Financeira sensibilizada pela redução de 29,2% da Margem Financeira com o Mercado e a queda de 17,1% do resultado de seguros.

Um bom resultado trimestral, acima do esperado, e que sinaliza tendência de retomada de crescimento do lucro e de retorno. Dentre os principais riscos, o comportamento das receitas principalmente oriundas das operações de seguros e de crédito, a redução dos spreads, a exposição no segmento de Pequenas e Médias Empresas (PME) e Pessoa Física. Seguimos com recomendação de COMPRA para BBDC4 e Preço Justo de R$ 28,00/ação, que traz um potencial de alta de 33,3% em relação à cotação de R$ 21,00/ação.


EDP – Energias do Brasil S.A. (ENBR3)
Lucro de R$ 299,8 milhões no 3T20 com queda de 15% ante o 3T19

A EDP Energias do Brasil registrou no 3T20 um lucro líquido de R$ 299,8 milhões, com queda de 15,3% em relação ao 3T19, acumulando no 9M20 um lucro líquido de R$ 808,0 milhões, 3,6% inferior a igual período do ano anterior. Esta piora no trimestre refletiu principalmente a redução do resultado operacional parcialmente compensada por melhora do resultado financeiro.

Em base ajustada o lucro líquido cresceu 22,3% no trimestre para R$ 207,2 milhões e com alta de 4,3% no acumulado de 9 meses para R$ 612,7 milhões.

Em base consolidada a receita líquida do 3T20 ante o 3T19 caiu 12,8% para R$ 3,0 bilhões. O EBITDA ajustado cresceu 19,4% e somou R$ 590,1 milhões, sensibilizado pela redução de 14,7% dos gastos não gerenciáveis que alcançaram R$ 2,0 bilhões. Já os gastos gerenciáveis caíram 3,6% no período para R$ 940 milhões.

Cotadas a R$ 17,50/ação (valor de mercado de R$ 10,6 bilhões) a ação ENBR3 registra queda de 18,4% este ano. O preço Justo de R$ 22,00/ação traz um potencial de alta de 25,7%.


Cesp (CESP6)
Prejuízo de R$ 58,5 milhões no 3T20

A Cesp registrou no 3T20 um prejuízo líquido de R$ 58,5 milhões que se compara ao prejuízo líquido de R$ 7,9 milhões do 3T19. Um resultado construído pelo crescimento de 14% da receita líquida, relativa estabilidade do resultado operacional medido pelo EBITDA ajustado que cresceu 1% e com impacto do aumento da despesa financeira líquida de 34% no trimestre. No acumulado de 9M20 a companhia registrou um lucro líquido de R$ 133,1 milhões, revertendo o prejuízo de R$ 170,1 milhões de igual período do ano anterior.

A ação CESP6 registra queda de 6,6% este ano para uma cotação de R$ 27,67/ação equivalente a um valor de mercado de R$ 9,1 bilhões. O preço justo de R$ 34,00/ação traz um potencial de alta de 26,5%.


Petrobras (PETR4)
Melhoria na rentabilidade operacional não evita prejuízo no 3T20

Na noite de ontem a empresa divulgou seu resultado do 3T20, que comparado ao mesmo período de 2019, mostrou aumento das vendas e da rentabilidade da operação, porém, uma forte elevação dos custos financeiros e despesas não recorrentes, levaram novamente ao prejuízo.
• A Petrobras teve um resultado negativo de R$ 1,5 bilhão (R$ 0,12 por ação) no 3T20, valor 43,0% maior que o prejuízo do trimestre anterior e revertendo o lucro de R$ 9,0 bilhões apresentado no 3T19;
• No 3T20, houve um impacto negativo significativo o aumento de 283,4% nas despesas tributárias, comparado ao 3T19, devido a adesão da empresa a programas de anistia fiscal nos estados do Rio de Janeiro e Espírito Santo, com valor de R$ 1,9 bilhão;
• Foi também muito negativo para o resultado do 3T20 o forte aumento das despesas financeiras líquidas, que somaram R$ 22,9 bilhões, valor 86,1% maior que no trimestre anterior e 110,7% acima do 3T19. Esta elevação ocorreu, principalmente, devido à reclassificação para o resultado das variações cambiais anteriormente contabilizadas no hedge accounting.


Vale (VALE3)
Forte alta do lucro no 3T20

O resultado da empresa, apresentado após o pregão de ontem, mostrou redução nas vendas dos principais produtos, mas os aumentos dos preços e os cortes de custos permitiram ganhos de rentabilidade e uma forte expansão do lucro.
• No 3T20, a Vale lucrou US$ 2,9 bilhões, valor 75,8% maior que no mesmo período do ano passado e 192,3% acima do 2T20;
• O aumento dos preços no 3T20 foi fundamental para o bom resultado do período. O preço realizado de minério de ferro pela Vale (US$ 112,1/t) ficou 25,7% acima do mesmo período de 2019 e 26,1% maior que no trimestre anterior. Porém, apesar da alta do minério, os preços médios das pelotas caíram 2,0% em doze meses. Nos metais básicos, o preço do níquel subiu 1,9% em relação ao 3T19 e o cobre teve uma alta bem mais forte no mesmo período (32,6%);
• Foi muito importante para o resultado a redução do custo de produção do minério, que compensou o aumento do frete. O custo “C1” (FOB sem royalties) no 3T20 caiu US$ 2,2 por tonelada no trimestre para US$ 14,9/t. Esta queda foi consequência da maior diluição dos custos fixos com o aumento das vendas, a normalização do fluxo de navios, evitando o pagamento de adicionais por atrasos (demurrage).


Tupy (TUPY3)
Volta ao lucro no 3T20

Após o pregão de ontem, a empresa divulgou seus números do 3T20, que mostraram uma forte recuperação ante aos prejuízos do trimestre anterior, mas também uma considerável melhoria nas margens e no lucro na comparação com o 3T19, apesar da forte redução nos volumes vendidos.
• No 3T20, a Tupy lucrou R$ 128 milhões (R$ 0,89 por ação), 92,6% maior que no 3T19 e revertendo o prejuízo de R$ 83 milhões do trimestre anterior;
• No 3T20, as vendas em toneladas da Tupy, sempre comparando ao 3T19, caíram 25,9% com quedas acentuadas em todas as linhas de produtos e mercados. No segmento de Transporte, Infraestrutura e Agricultura, os volumes vendidos tiveram retração de 33,6% no mercado interno e 23,6% no externo. Estas quedas ocorreram devido aos efeitos da pandemia na indústria automobilística e a retirada de linha de alguns produtos. Em hidráulica, as vendas caíram 19,3% no Brasil e 47,5% nas exportações;
• As menores despesas operacionais no 3T20, somadas ao ganho não recorrente de R$ 9,9 milhões (venda de um terreno) ajudaram a rentabilidade do trimestre. Com isso, o EBITDA no 3T20 somou R$ 257 milhões, valor 24,6% acima do 3T19.


Ambev (ABEV3)
Forte recuperação da receita, mas pequeno crescimento do lucro no 3T20

A empresa divulgou hoje pela manhã seus resultados do 3T20, que mostraram aumento dos volumes vendidos nos maiores mercados e dos preços, mas pequeno crescimento do lucro. As elevações dos custos de produção e financeiros limitaram a expansão do lucro líquido, na comparação com o 3T19.
• No 3T20, o lucro líquido ajustado atribuído aos acionistas da Ambev foi de R$ 2,4 bilhões (R$ 0,15 por ação), 81,5% maior que no trimestre anterior e 3,2% acima do 3T19;
• O volume total vendido pela Ambev, sempre comparando ao 3T19, teve um crescimento de 12,2%. Os melhores desempenhos nas vendas foram no Brasil, onde os volumes aumentaram 19,8%, e no Canadá (7,1%). No entanto, os volumes caíram na América Latina (LAS) em 0,4% e na América Central e Caribe (CAC) em 9,9%. A receita cresceu expressivamente em todas as regiões, impulsionada pelos aumentos de preços. Os incrementos na receita foram de 21,2% no Brasil, 1,9% no CAC, 15,1% na LAS e 6,4% no Canadá. Com isso, a receita líquida consolidada (conceito reportado) aumentou 30,5%;
• A elevação dos custos financeiros no 3T20 foi muito negativa para o resultado. No 3T20, as despesas financeiras líquidas somaram R$ 1,1 bilhão, 274,4% maiores que no 3T19. Os principais fatores para este aumento foram as maiores despesas com juros e com perdas em derivativos.


Usiminas (USIM5)
Um bom resultado no 3T20

A empresa divulgou há poucos minutos seus resultados do 3T20, mostrando uma forte recuperação em relação ao prejuízo dos últimos trimestres. No 3T20, a Usiminas conseguiu expressivas elevações de preços em siderurgia e mineração, o que teve um forte impacto na receita e nas margens. Além disso, a empresa contou com uma grande redução nas despesas financeiras, o que permitiu a volta ao resultado positivo.
• No 3T20, a Usiminas sofreu um lucro de R$ 57 milhões (R$ 0,05 por ação), revertendo os prejuízos de R$ 467 milhões do trimestre anterior e R$ 184 milhões do 3T19;
• Em breve traremos uma análise mais profunda deste resultado, assim como as principais informações fornecidas na teleconferência que será promovida pela empresa hoje às 11 horas.


Multiplan (MULT3)
Lucro líquido do 3T20 soma R$ 568 milhões refletindo a venda da Diamond Tower

O lucro líquido totalizou R$ 568,8 milhões com margem de 55,7% no 3T20, o maior da história da Companhia. O trimestre foi beneficiado pela venda da Diamond Tower que contribuiu com R$ 519,8 milhões para o lucro líquido.

O aumento do lucro líquido sobre o 3T19 também foi beneficiado pelo controle de custos e despesas na pandemia, com redução que reduziu as despesas de sede e de propriedades em 48,5% e 6,8%, respectivamente e a redução de 46,4% no resultado financeiro devido às recentes renegociações de dívidas, pré-pagamentos e redução da taxa básica de juros (Selic).

Nos dois trimestres anteriores, a companhia adotou medidas de proteção a seus lojistas e contenção firme de custos e despesas, para o enfrentamento da crise. Acreditamos na recuperação dos resultados. A ação MULT3 acumula queda de 42,3% no ano.


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