Crises podem continuar pesando nos mercados

MERCADO


Bolsa

O cenário internacional que já trazia alguma preocupação para a B3 logo cedo, com os acontecimentos em Hong Kong, foi contaminado durante o dia com as eleições primárias na Argentina, que sinalizam o crescimento da oposição sobre o governo de Mauricio Macri. O risco-país argentino subiu mais de 100% e o Índice Merval, da Bolsa de Buenos Aires, fechou em queda de 36,56%. O reflexo no Ibovespa foi uma desvalorização de baixa de 2,00%, aos 101.915 pontos. O giro financeiro foi de R$ 15,8 bilhões. Hoje os mercados voltam a cair no exterior e de maneira mais intensa, sacudidas pelos acontecimentos citados acima. Os desdobramentos destas duas crises podem continuar pesando nos mercados, considerando que na Argentina a eleição acontece em outubro e na China, há espaço para maiores preocupações. Hoje a agenda econômica traz dados da zona do euro, projeções econômicas e índices de preços nos EUA, mas nenhum dado importante no Brasil, com atenção para os resultados corporativos.

Câmbio

A moeda americana deu uma esticada ontem de R$ 3,9425 na sexta-feira para R$ 3,9851 com investidores buscando proteção num mercado tenso pelos acontecimentos políticos no exterior. Esta pressão poderá continuar hoje, acompanhando os sinais vindos do exterior.

Juros

O nervosismo no mercado puxou os juros para cima, com o DI para jan/21 passando de 5,389% para 5,40% e para jan/25 a taxa subiu de 6,85f1% para 6,88%.


ANÁLISE DE SETORES E EMPRESAS

Magazine Luiza (MGLU3) 
Resultado liquido soma R$ 286,6 milhões no 2T19

Para melhor entendimento e comparabilidade com o 2T18, a companhia divulgou os resultados pró-forma do 2T19, desconsiderando os efeitos do IFRS 16, os créditos tributários, a aquisição da Netshoes, além de outras provisões e despesas não recorrentes. Nesta visão, o resultado líquido foi de R$ 108,5 milhões.

Principais destaques do 2T19 e no 1S19:

Aumento na participação de mercado, com crescimento de 24,4% nas vendas totais, somando R$ 5,7 bilhões. Este desempenho reflete a evolução de 56,2% no e-commerce total e 8,7% nas lojas físicas.

No 1S19, as vendas totais somaram R$ 11,5 bilhões, aumento de 26,2% sobre o 1S18.

Crescimento de 289% no 2T19, representando 24% do e-commerce total

EBITDA pró-forma de R$ 304 milhões com margem de 7,2%

Caixa líquido ajustado pró-forma: R$ 788,8 milhões.

A ação MGLU3 vem de uma trajetória impressionante nos últimos anos. Em 2017, a ação valorizou 511,0% e em 2018 a alta foi de 128,4%. Neste ano a ação subiu 61,8% fechando ontem cotada a R$ 36,42 ajustado para o desdobramento na semana passada de 1 para 8 ações.


Direcional Engenharia (DIRR3)
No 2T19, lucro líquido de R$ 25,9 milhões ante prejuízo no 2T18

A Direcional registrou forte crescimento nas principais contas de resultado no 2T19 e no acumulado do 1º semestre, comparado aos mesmos períodos do ano passados.

Principais destaques do período:

Aumento na receita líquida com destaque para o bom desempenho do segmento MCMV 2 e 3 que representou 80% da receita bruta no 1S19.

Boa geração de caixa e redução do endividamento.

Ontem a ação DIRR3 encerrou cotada a R$ 123,87 acumulando valorização de 78,7% no ano.  O valor de mercado da companhia é de R$ 1,9 bilhão.


Itaúsa (ITSA4)
Trimestral em linha e distribuição de dividendos

A Itaúsa registrou no 2T19 um lucro líquido recorrente de R$ 2,4 bilhões, com crescimento de 11% em relação ao lucro de R$ 2,2 bilhões de igual trimestre do ano anterior.

Um trimestre em linha com o esperado e que refletiu, principalmente o resultado do Itaú Unibanco e das companhias investidas não financeiras. Temos recomendação de COMPRA para ITSA4 e preço justo de R$ 16,00/ação, que quando comparado à cotação de R$ 12,60/ação, traz um potencial de alta de 27,0%.

O conselho de administração da Itaúsa aprovou ontem (12/agosto) o pagamento em 23 de agosto, de dividendos no valor de R$ 0,3405 por ação. Terão direito os acionistas no dia 15 de agosto passando as ações a serem negociadas ex direito em 16 de agosto, próxima sexta-feira. Com base na cotação de R$ 12,60/ação o retorno é de 2,7%.


Cemig (CMIG4)
Nova estrutura operacional e aumento de investimentos na Cemig

Visando aumentar a sua competitividade, a Cemig realizou, na sexta-feira (9/agosto) uma  importante reestruturação, com a redução de 25% dos cargos de Superintendência e Gerência e a eliminação de diversos níveis hierárquicos.

Adicionalmente o Conselho de Administração da Cemig aprovou o aumento do Plano de Investimentos da Cemig Distribuição, contemplando a execução adicional de R$ 1,2 bilhão para o período de 2020 até 2022, com o objetivo de acelerar a modernização da base de ativos desta empresa, reduzir custos de operação e manutenção, melhorar indicadores de qualidade e aumentar a satisfação dos clientes. O Plano de Investimentos da Cemig Geração e Transmissão (Cemig GT) permanece inalterado.

Sua ação CMIG4 apresenta alta de 8,2% este ano para uma cotação de R$ 14,53/ação, equivalente a um valor de mercado de R$ 21,2 bilhões. O preço justo de R$ 16,00/ação traz um potencial de alta de 10,1%.


Cosan S.A. (CSAN3)
Resultado do 2T19 em linha

A companhia reportou seus resultados referentes ao 2º trimestre de 2019 em linha com o esperado.  Conforme destacado pela companhia o 2T19 foi marcado por um período de atividade econômica fraca, níveis de desemprego ainda muito elevados, inibindo crescimento da demanda por combustíveis, gás natural e lubrificantes no Brasil.

Em base consolidada “proforma” a receita líquida da companhia no 2T19 cresceu 31% (em 12m) para R$ 17,7 bilhões. O EBITDA ajustado proforma alcançou R$ 1,2 bilhão (+14%) no trimestre, suportado principalmente pela expansão dos resultados da Comgás, Raízen Combustíveis e da Moove, além da consolidação dos resultados da Raízen Argentina.

O lucro líquido somou R$ 418 milhões e em base ajustada totalizou R$ 315 milhões. A geração de caixa operacional expandiu para R$ 726 milhões, e a alavancagem proforma, normalizada pela Conta Corrente Regulatória da Comgás e pelos efeitos de arrendamentos (IFRS 16) encerrou o 2T19 estável em 2,1x, para uma dívida líquida de R$ 12,9 bilhões.

Ao preço de R$ 52,11/ação, correspondente a um valor de mercado de R$ 20,8 bilhões suas ações registram alta de 59,1% este ano. Os múltiplos para 2019 são: P/L de 12,0x e VE/EBITDA de 5,1x. O preço justo (mercado) de R$ 54,00/ação embute um potencial de alta de 3,6%.


São Martinho (SMTO3)
Resultado do 1T20 (safra 2019/20)

A companhia registrou no 1T20 (safra 2019/20) um lucro líquido de R$ 91,5 milhões, com queda de 12% em relação ao 1T19 (Safra 2018/19) refletindo a piora do resultado operacional, por aumento sazonal do custo unitário por menor volume de ATR, parcialmente compensado por aumento do Consecana reflexo de melhores preços de etanol e açúcar no período. O resultado financeiro piorou, afetado por variação cambial entre os períodos comparáveis e efeito não caixa da adoção do IFRS 16.

Ontem (12/agosto) suas ações fecharam cotadas a R$ 20,57/ação, com alta de 14,9% este ano. Nesse preço o valor de mercado da companhia é de R$ 7,3 bilhões. Temos recomendação de COMPRA para SMTO3 com preço justo de R$ 25,00/ação, que traz um potencial de alta de 21,5% para os papéis da companhia, que estão sendo negociados com P/L de 12,7x e VE/EBITDA de 6,3x para o presente ano safra 2019/20.

A Receita Líquida do 1T20 (excluso o efeito de hedge accounting de dívida em moeda estrangeira e PPA USC) somou R$ 754,9 milhões com queda de 2,1% em relação ao 1T19. Esta redução pode ser explicada por (i) menor volume de vendas de açúcar; (ii) redução do volume de energia vendido; e (iii) menores preços de comercialização de açúcar e energia, parcialmente compensados pelo crescimento no preço médio de etanol.


Banco Pine (PINE4)
Prejuízo no 2T19

O Banco PINE registrou no 2T19 um prejuízo líquido de R$ 29,9 milhões e se compara ao lucro de R$ 5,3 milhões de igual trimestre do ano passado e ao prejuízo de R$ 40,7 milhões do trimestre anterior, impactado mais uma vez pelo resultado negativo da carteira monitorada.

A estratégica do banco permanece sendo realizada (i) através da pulverização da carteira (Corporate II), focada na penetração em clientes (empresas Médias e Grandes) com faturamento anual de até R$ 500 milhões; (ii) via otimização dos processos internos e busca por maior eficiência operacional; (iii) do aumento da cesta de produtos/serviços e investimentos em tecnologia.

No preço atual, cotação de R$ 4,40/ação, equivalente a um valor de mercado de R$ 533 milhões, os papéis do banco estão sendo negociados a 0,66x o seu valor patrimonial. Temos recomendação de compra. Preço justo em revisão.


Eletrobras (ELET3, ELET6)
Lucro líquido de R$ 5,6 bilhões no 2T19

A Eletrobras registrou um lucro líquido de R$ 5,6 bilhões no 2T19 que se compara ao lucro de R$ 1,4 bilhão no 2T18.  O lucro do 2T19 é composto pelo lucro líquido das operações continuadas de R$ 301 milhões e pelo lucro líquido de R$ 5,3 bilhões referente às operações descontinuadas (distribuição).

A Receita Operacional Líquida cresceu 12% no trimestre, passando de R$ 5,9 bilhões no 2T18 para R$ 6,6 bilhões no 2T19, sensibilizada pelo aumento de receita da Amazonas GT em R$ 727 milhões com início fornecimento do CCEAR da UTE Mauá 3, RBSE de R$ 984 milhões; e GAG melhoria de R$ 250 milhões.

O EBITDA (IFRS) passou de R$ 3,5 bilhões no 2T18 para R$ 1,35 bilhão no 2T19. Em base recorrente a Receita Operacional Líquida cresceu 11% para R$ 6,6 bilhões e o EBITDA recorrente cresceu 8% para R$ 3,1 bilhões. Ao final de junho de 2019 a alavancagem da companhia era de 2,0x

As ELET3 cotadas a R$ 42,95/ação registram alta de 81,8% este ano. As ELET6 ao preço de R$ 41,60/ação apresentam valorização de 53,8% em 2019. Este desempenho se mostra acima da valorização de 16,0% do Ibovespa e da alta de 37,8% do IEE no mesmo período.


Banrisul (BRSR6)
Lucro recorrente do 2T19 soma R$ 306 milhões

O Banrisul registrou no 2T19 um lucro líquido de R$ 335 milhões, em linha com os R$ 326 milhões que estimávamos. Em base recorrente o lucro somou R$ 306 milhões, com queda de 4% em base trimestral e crescimento de 17% quando comparado ao 2T18. O ROAE recorrente no 2T19 foi de 17,5% abaixo de 18,7% do 1T19.

Em base trimestral destaque para (i) a estabilidade da margem financeira; a alta de 3% das despesas de PDD; crescimento de 2% das receitas de serviços; queda de 2% das despesas administrativas recorrentes (abaixo da inflação no período).

O lucro recorrente do 1S19 cresceu 24% para R$ 655 milhões, com melhora de 2,7pp no ROAE para 17,6%. Seguimos com recomendação de COMPRA para suas ações com preço justo de R$ 30,00/ação, equivalente a um potencial de alta de 27,2%.


Ecorodovias (ECOR3)
Acordo de Leniência

A empresa informou que a controladora e suas as controladas que operam rodovias no Paraná (Ecovia e Ecocataratas) celebraram ontem um Acordo de Leniência com o Ministério Público Federal (MPF) – Procuradoria da República no Paraná.

Pelo Acordo, a Ecorodovias vai pagar o valor de R$ 30 milhões a título de multa e a Ecovia custeará R$ 20 milhões de obras mais R$ 100 milhões de redução tarifária.  A Ecocataratas arcará com R$ 130 milhões de obras e R$ 120 milhões de redução tarifária;

Esta notícia tem dois lados, naturalmente é negativa por envolver perdas importantes para a Ecorodovias, porém, resolve uma questão já sabida pelo mercado, reduzindo os riscos da empresa.  Os valores envolvidos no Acordo totalizam R$ 400 milhões, equivalente a 6,2% do Valor de Mercado da Ecorodovias ou a 12,2% do caixa apresentado ao final do 2T19.


Petrobras (PETR4)
Pré-pagamento para o fundo de pensão

Após o pregão de ontem, a empresa informou que realizou o pré pagamento do Termo de Compromisso Financeiro com a Fundação Petrobras de Seguridade Social (Petros), no valor de R$ 2,7 bilhões e que venceria em 2028.

Este Termo originou-se de negociações realizadas em 2006 para reequilibrar os planos de pensão administrados pela Petros, devido a perdas do período hiperinflacionário da década de 80;

A Petrobras não informou se ocorreram descontos pelo pagamento antecipado, ou o montante de juros que serão economizados pela quitação do compromisso.


Se preferir, baixe em PDF:
Crises podem continuar pesando nos mercados

 

 

Clique para acessar nossos Mapas Diários:

>>Mapa de Oscilações

>>Mapa de Posições Alugadas

>>Análises Gráficas e Mapas


DISCLAIMER
Este relatório foi preparado pela Planner Corretora e está sendo fornecido exclusivamente com o objetivo de informar. As informações, opiniões, estimativas e projeções referem-se à data presente e estão sujeitas à mudanças como resultado de alterações nas condições de mercado, sem aviso prévio. As informações utilizadas neste relatório foram obtidas das companhias analisadas e de fontes públicas, que acreditamos confiáveis e de boa fé. Contudo, não foram independentemente conferidas e nenhuma garantia, expressa ou implícita, é dada sobre sua exatidão. Nenhuma parte deste relatório pode ser copiada ou redistribuída sem prévio consentimento da Planner Corretora de Valores. O presente relatório se destina ao uso exclusivo do destinatário, não podendo ser, no todo ou em parte, copiado, reproduzido ou distribuído a qualquer pessoa sem a expressa autorização da Planner Corretora. As opiniões, estimativas, projeções e premissas relevantes contidas neste relatório são baseadas em julgamento do(s) analista(s) de investimento envolvido(s) na sua elaboração (“analistas de investimento”) e são, portanto, sujeitas a modificações sem aviso prévio em decorrência de alterações nas condições de mercado. Declarações dos analistas de investimento envolvidos na elaboração deste relatório nos termos do art. 21 da Instrução CVM 598/18: O(s) analista(s) de investimento declara(m) que as opiniões contidas neste relatório refletem exclusivamente suas opiniões pessoais sobre a companhia e seus valores mobiliários e foram elaboradas de forma independente e autônoma, inclusive em relação à Planner Corretora e demais empresas do Grupo.

Open chat